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Os três desafios de um prodígio da guitarra

Ou: Shawn Lane, para muito além da velocidade dos dedos

Em Memphis, uma cidade dos EUA cativada pelo rock, blues e soul, desponta um prodígio. Empunhando sua guitarra ele tem o que muitos desejam: talento precoce. Impressionava já aos 14 anos na banda de southern rock Black Oak Arkansas. 

Nascido em 1963, Shawn Lane bebeu em variadas fontes artísticas, como rock, jazz e música indiana. Também tocava piano - dizem que era seu instrumento de preferência para compor. Mas seu coração parecia estar em tangentes musicais de sua terra natal: a guitarra fusion. Aqui, temos o primeiro desafio de sua jornada: a música para poucos.

O fusion é uma linguagem que costuma unir o som do rock com improvisos de jazz - além de se abrir para outros estilos. É conhecido e respeitado em pequenos círculos de músicos e aficionados. Mas parece soar confuso a um público maior. Acaba relegado a nichos de mercado. Seu segundo desafio foi sua época de mudança de paradigmas.

O álbum Powers Of Ten, que teve a melhor distribuição comercial, foi lançado em 1992. Porém, os anos 90 combinaram a saturação de virtuosos da guitarra dos anos 70 e 80 com uma cultura musical desconstruída pelo sucesso do grunge. Um mercado que não queria sua música. 

Mas a conexão com o virtuosismo dos anos 80 é limitante para entender sua música. Um de seus parceiros mais importantes, o baixista Jonas Hellborg fez ressalvas a essa relação: "Uma igreja de Shawn Lane está se formando e as pessoas falam muita bobagem (...) uma obsessão por quão rápido Shawn podia tocar. Claro que ele podia(...), mas o que tornava isso fantástico era o que ele tocava". [1]

De fato, a impressão é a de que Lane usava a velocidade como um efeito, quase como um pedal de guitarra. Não para se exibir, mas para adicionar texturas inusitadas - uma forma adicional de expressão. E para além disso estava sua criatividade, capacidade de improviso e visão ampla da música. Luther Dickinson - amigo e ex-aluno - reforça o perfil do guitarrista. Afirmou que em seu tempo com ele, aprendeu a valorizar cada minuto tocando e dar tudo de si: “toque cada nota como se fosse a última, pois uma delas será”. [1]

Mas seu terceiro e maior desafio foi conviver com artrite psoriática, uma condição que causa inchaços, dores e dificuldade de movimentar as articulações., com apenas 40 anos, em setembro de 2003. [1] [2] - conectar a fontes People have taken liberties to discuss Shawn’s medical conditions which I believe should remain a private matter,” says Hellborg. “Yes, he passed on early and that is a tragedy, but what matters now is his contribution to music and guitar playing. He was a fine dude and he continues to touch people with his playing more than 10 years later.”

Entre seus legados, está sua paixão artística e fúria criativa. Forjava músicas em períodos que podiam chegar a 20 horas, segundo amigos próximos. Estudioso, se debruçava para absorver todo o possível de música indiana e cinema, entre outros assuntos. Chegava a ler 10 livros por vez. (fonte) Influenciou guitarristas importantes, como Paul Gilbert e Buckethead. E ganha seguidores a cada ano, mesmo mais de 20 anos depois de sua morte.

Fontes e outros links de interesse: